sexta-feira, 24 de abril de 2015

SÍNDROME DE CUSHING DURANTE A GESTAÇÃO

A gravidez relacionada à síndrome de Cushing é um quadro bastante raro e está relacionada à hipertensão arterial severa em cerca de 64,6% dos casos, além de gerar infertilidade e aborto em 75% das pacientes com a síndrome. Quando acontece a gravidez, a causa mais frequente do hipercortisolismo é o adenoma adrenal produtor de cortisol. Uma das complicações principais da hipertensão arterial durante a gravidez é a denominada HELLP síndrome. Autores relatam casos de gestação em pacientes com síndrome de Cushing, que evoluíram com quadro súbito e severo de HELLP síndrome e suposta progressão para o óbito do feto. Um dos casos foi ocasionado com adenoma drenal e outro com carcinoma de suprarrenal. A gravidez associada à Síndrome de Cushing gera situações que ameaçam a vida, como a HELLP síndrome, devendo assim, existir uma atenção especial à pacientes nessas condições. O diagnóstico precoce pode permitir um tratamento rápido e específico, tentando assim, diminuir a mortalidade nestes casos.




Devido a grandes distúrbios anovulatórios na síndrome de Cushing, a ocorrência de gestação é raríssima e, quando acontece, há grandes riscos para a futura mãe e o feto.
Nos Estados Unidos, Reino Unido e Escandinávia, segundo a literatura, as complicações hipertensivas de gestação constituem uma das principais causas de mortalidade materna. Segundo Buescher e cols, a hipertensão arterial severa ocorre em 64,6% dos casos e a pré-eclâmpsia em 93% das gestantes com síndrome de Cushing.
Sendo diagnosticado precocemente e com o emprego de terapia adequada poderão, quem sabe, modificar a evolução natural da doença. São poucas as chances para o feto, principalmente devido aos efeitos nocivos da HELLP síndrome juntamente ao da SC na gestação, acontecendo, frequentemente, o sofrimento do feto, crescimento intrauterino restrito, a morte intra-útero ou intra-parto e a prematuridade. 
A gravidez relacionada à síndrome de Cushing predispõe a situações que ameaçam a vida, como a HELLP síndrome, devendo atentar-se especialmente a pacientes nesses casos. O diagnóstico precoce permitirá o tratamento de forma específica e em maior tempo, podendo reduzir assim, a mortalidade.

Na próxima postagem trataremos mais à respeito dessa doença interessantíssima. Até breve.


REFERÊNCIAS:

CASTRO, Rodrigo F. HELLP Síndrome Associada à Síndrome de Cushing. Arq Bras Endocrinal Metab vol 48 nº 3 Junho 2004.

domingo, 19 de abril de 2015

RELAÇÃO ENTRE GLICOCORTICOIDES, SÍNDROME METABÓLICA E SÍNDROME DE CUSHING



A utilização de glicocorticoides (GCs) ocorre com muita frequência na população, sendo um dos medicamentos mais utilizados em todo mundo, em várias condições clínicas. Constituem indicação absoluta e permanente nos pacientes com insuficiência adrenal, quando utilizam dosagens de reposição para restabelecer a homeostase no organismo. Em geral, eles são usados em crise de asma brônquica, antiflamatórios, sendo necessárias doses supra fisiológicas, o que provoca o aparecimento de muitos efeitos adversos como, por exemplo, atrofia muscular, osteoporose, supressão do sistema imunológico e funções do eixo hipotálamo-hipófise-adrenais.
O excesso de glicocorticoides tem sido também associado com a síndrome metabólica. Na síndrome de Cushing, o aumento na secreção de glicocorticoides devido a um adenoma pituitário conduz a obesidade, hipertensão, hiperlipidemia e intolerância à glicose, um grupo de anormalidades relacionadas com a síndrome metabólica. Toda via, a administração clínica destes esteroides no tratamento crônico e agudo de doenças inflamatórias tem sido associada com efeitos metabólicos adversos, tais como pressão sistólica elevada, níveis aumentados de lipídeos circulantes e resistência à insulina, como observado na síndrome metabólica.
Com esses sintomas muitos pacientes associam seu problema a outras doenças, como diabetes ou hipertensão, pois associam logo a doenças da idade e não procuram ajuda medica para detectar a doença, detectando somente quando os sintomas já estão bem avançados, sendo que esta síndrome tem ciclos de sintomas, sendo indicado realizar em dois períodos de tempo diferentes dentro de um ano.
Na tentativa de minimizar estes efeitos colaterais realizam-se terapias locais, intervalos na utilização da droga, suplementação com cálcio, vitamina D3, administram-se hormônio do crescimento e estrogênio em humanos e, recentemente, tem sido usado oligonucleotídeo antisense para o receptor de glicocorticoides em animais. Por outro lado, estudos com modelos de treinamento físico, no sentido de prevenção da resistência à insulina, bem como das desordens metabólicas, ou ainda, da redução dos possíveis efeitos catabólicos resultantes da administração de glicocorticóide são raros na literatura.

Figura 1. Relação entre os efeitos dos glicocorticoides e as características da síndrome metabólica.

Evidências clínicas têm demonstrado associação entre o metabolismo anormal de GC e a síndrome metabólica. Os níveis de cortisol plasmáticos aumentados, encontrados com o envelhecimento, estão relacionados com uma ou mais características da síndrome metabólica. Verificou-se que, tanto a razão da secreção, como as liberações periféricas de cortisol nesses indivíduos foram correlacionadas de forma positiva com a pressão sanguínea sistólica, glicose e insulina de jejum. Outros estudos também reportaram correlação entre o aumento da atividade dos glicocorticoides e a redução da sensitividade periférica à insulina, níveis elevados de glicose plasmática e hipertensão.
Um grande fator que auxilia no tratamento dessas desse problema metabólico é a prática de atividade física, pois com o avanço da doença a musculatura vem a se enfraquecer, no entanto são indicadas atividades aeróbias moderadas como caminhadas ou hidroginásticas, logo porque o tecido ósseo pode estar enfraquecido, por este motivo evitasse esporte de alto impacto, sendo complementar para a velocidade do tratamento a dieta.
O padrão de deposição de gordura central da síndrome metabólica é semelhante ao que ocorre na síndrome de Cushing, ou em pacientes que foram administrados com glicocorticoide sintéticos, que apresentam ainda hipertensão nas artérias e intolerância à glicose. Evidências recentes não deixam dúvidas de que há um novo e importante mecanismo envolvido no controle da ação dos glicocorticoides, mediada principalmente pela regulação pré-receptor exercida pela 11-beta-hidroxiesteróide-desidrogenas e (11βHSD).
Segundo os autores, "os receptores hormonais nucleares tem grande papel no combate e auxilia na amenização do efeito de muitos problemas metabólicos como na musculatura esquelética como, por exemplo, com o problema da obesidade, diabete tipo 2 e dislipidemia. O aumento dos receptores hormonais nucleares tem mostrado que aumenta a glicose estimulada por insulina, aumenta o catabolismo lipídico e efluxo de colesterol e níveis de HDL-c no plasma, desta forma atividades físicas aumentam a estimulação de receptores hormonais nucleares, trazendo benefícios não só aqueles com problemas metabólicos mas também com a síndrome de cushing e a pessoas que utilizaram altos níveis de corticoides para tratamentos de outros problemas  de saúde".


 REFERÊNCIAS


  • http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v6n2/v6n2a10.pdf
  • Leclerc N, Luppen CA, Ho VV, Nagpal S, Hacia JG, Smith E, Frenkel B. (2004). Gene expression profiling of glucocorticoid-inhibited osteoblasts. Journal of molecular Endocrinology 33: 175-193
  • Walker EA, Stewart PM. (2003). 11β-hydroxisteroid dehydrogenase: unexpected connections. Trends Endocrinol Metab 14 (7): 334-339.