domingo, 10 de maio de 2015

Sindrome de cushing: efeitos sistêmicos corticosteróides e glicorticoídes


 
A utilização prolongada dos corticosteróides leva à síndrome de Cushing iatrogênica, caracterizada pela desfiguração cosmética (moon face, giba dorsal, estrias), ganho de peso com acúmulo de gordura centripetamente, redução da tolerância a carboidratos, fragilidade vascular, pele fina, miopatia e fraqueza muscular, hipertensão arterial, osteoporose, maior suscetibilidade a infecções, alterações psiquiátricas, e outros. A maior diferença desta síndrome exógena, em relação ao hipercortisolismo endógeno, constitui na maior ação mineralocorticóide existente neste último, resultando em mais hipertensão arterial e, ocasionalmente, hipocalemia e hirsutismo e/ou virilização, principalmente quando secundário a tumores adrenais. Além disso, alguns efeitos menos comuns, como a hipertensão intracraniana benigna, necrose avascular óssea e glaucoma, teriam maior relação com a síndrome de Cushing iatrogênica do que com o hipercortisolismo endógeno.


A indicação do corticosteróide na terapêutica da artrite reumatóide, por Philip Hench, em 1949, foi um dos marcos dentro da medicina. O glicocorticóide é assim denominado pelos seus conhecidos efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos; porém, este hormônio possui outras ações além desta que é a mais lembrada. Essas propriedades são mediadas por receptores intracelulares denominados receptor de glicocorticóide; entretanto, algumas delas são mediadas por meio de receptores mineralocorticóides. O modo pelo qual o glicocorticóide atinge seu receptor parece ser devido à provável difusão passiva por meio da membrana lipídica, não necessitando de transporte específico para tal.

                                Efeitos no metabolismo e na pressão arterial sanguínea

O metabolismo intermediário é influenciado globalmente pelos glicocorticóides, não apenas sobre os glicídios, como sugere seu nome, mas também sobre protídios e lipídios.
A alteração mais comum no metabolismo dos hidratos de carbono devido ao excesso de glicocorticóides é tendência à diminuição da tolerância, podendo levar, em alguns casos, à hiperglicemia de jejum. A intensidade desse distúrbio dependerá da reserva pancreática de cada indivíduo e é consequente ao aumento da gliconeogênese hepática, que resulta: 1) da maior atividade de sua cascata enzimática; 2) em maior afluxo de substratos periféricos; e 3) da habilidade de outros hormônios em estimular esse processo. Os mecanismos citados anteriormente são justificados em termos fisiopatológicos, respectivamente, por: aumento da atividade das enzimas fosfoenolpiruvato carboxiquinase e, possivelmente, glicose-6-fosfatase; incremento do afluxo de aminoácidos (principalmente alanina), de glicerol e de lactato advindos do tecido periférico, dentre eles o adiposo e o muscular; e uma sensibilização hepática aos efeitos do glucagon e catecolaminas.

A distribuição da gordura em pacientes com essa síndrome e com em uso crônico de corticosteróides é quase que constante. Os motivos pelos quais isso ocorre podem ser devidos à perda de tecido celular subcutâneo de modo dissociado, tendo como resultado uma redução em extremidades e um acúmulo centripetamente. Desse modo, a variabilidade dos tecidos em responder à ação de glicocorticóides (catabólica) e da insulina (anabólica) deve ser a causa da heterogeneidade da gordura corporal. Já na PA sanguínea a hipertensão arterial desenvolve-se em 70-80% dos pacientes com síndrome de Cushing endógeno e em 15-20% em indivíduos em uso crônico de corticosteróides, e os mecanismos básicos para que isso ocorra são a retenção salina e o aumento da reatividade vascular.
Em relação à hiperatividade vascular, contribui nesse sentido a ação na musculatura lisa vascular e das células endoteliais, o aumento da atividade de substâncias vasoativas, dentre as quais catecolaminas, e a supressão da síntese ou ação de vasodilatadores endógenos que, somados a ação direta em nível cardíaco, resultam em elevação dos níveis pressóricos. Embora controversa, a redução da síntese de prostaglandinas, potentes vasodilatadores e principal produto do ácido araquidônico em artérias e veias, que vem ao encontro com o achado de produção diminuída de prostaglandina urinária em pacientes em corticoterapia prolongada, favorece o predomínio das substâncias vasoconstritoras.
Além dos já citados, outro mecanismo envolvido na fisiopatologia da hipertensão arterial é o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Nesse eixo, os corticosteróides atuam aumentando os níveis da renina 326 e dos substratos da renina 314 e, somados a isso, existe um incremento da atividade da enzima conversora responsável pela geração de angiotensina II. Apesar disso, os níveis de renina são normais ou levemente elevados na terapia prolongada, e tais concentrações são inapropriadamente altas em face da hipertensão arterial vigente, inferindo uma responsividade à terapêutica com inibidores da enzima de conversão de renina-angiotensina nesses indivíduos

Referencias bibliográficas
  1. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301998000100014
  2. Gaunt R. History of adrenal cortex. In Greep RO, Astwood EB. Handbookof physiology: Endocrinology. Washington, DC, Americam Physiological Society, 1975, section 7, vol 6, p 1. 
  3. Baxter JD, Tyrrel JB. The adrenal cortex. In Felig P, Baxter JD, Broadus AE et al. Endocrinology and metabolism. New York, McGraw-Hill Book, 1988; 511-650.

5 comentários:

  1. Outro mecanismo alterado pela metabolismo dos glicocorticoides, e o do cálcio. Uma das interferências mais notórias a nível de intestino seria a redução na quantidade absorvida de tal íon; um dos mecanismos que pode explicar esse efeito, e a redução na produção de proteínas que levam o cálcio, que provoca diminuição da produção de cálcio pela mitocôndria. Só que, algumas pesquisas e estudos mostram que em trabalho com animais, o aumento da absorção de Cálcio e promovido pela baixa quantidade de glicocorticoide no sangue, e vice versa. Mas ainda é necessário muito mais estudos para se saber ao certo qual o real efeito desses hormônio no organismo dos indivíduos, como detalhar e mapear tais efeitos.

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  2. Em media 80% dos portadores da síndrome de Cushing endógeno desenvolve hipertensão arterial e 20% em indivíduos em uso crônico de corticosteróides, sendo os mecanismos básicos para que isso aconteça: a retenção salina e o aumento da reatividade vascular. Sendo assim uma população que deve ter uma atenção redobrada tanto para o incentivo da pratica de atividade física como na realização da atividade.

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  3. Grupo 02- (Daniela e Mateus Marques)
    Glicocorticóides são amplamente utilizados na prática clínica para o controle da atividade de doenças auto-imunes, inflamatórias, alérgicas e outras entidades nosológicas. Doses terapêuticas de glicocorticoides são muita vezes administradas inapropriadamente e isto é um problema particular, pois a terapia crônica tem muitos efeitos colaterais que se estendem desde a supressão do eixo hipotálamo–hipofisário–adrenal e síndrome de Cushing até infecções e alterações do status mental. O uso prolongado de glicocorticoides pode trazer alguns sérios problemas como ganho de peso com acúmulo de gordura, aumento da pressão arterial, dentre outros.

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  5. Grupo 5
    Os glicocorticóides têm atividade sobre todos os tipos de reações inflamatórias. Quando usados clinicamente para suprimir a rejeição de enxertos, os glicocorticóides suprimem o desencadeamento e a produção de uma nova resposta imune com mais eficiência do que uma reposta já estabelecida, porém ão capazes de reduzir a captação e utilização da glicose e aumentar a gliconeogênese, desencadeando glicemia, além de aumentar o catabolismo e reduzir o anabolismo protéico. A administração de glicocorticóides em concentrações acima das fisiológicas pode aumentar efeitos mineralocorticóides,
    causando retenção de sódio e excreção de potássio, possivelmente, por terem a capacidade de se ligarem a receptores mineralocorticóides, quando presentes em altas concentrações

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